APRESENTAÇÃO

Este blog tem o objetivo de divulgar todas as ações desenvolvidas por mim como representante discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRGS - CEPE... Aqui, pretendo apresentar meus projetos e informar sobre as discussões em andamento no Conselho, garantindo a transparência do meu mandato, bem como publicar assuntos pertinentes, relacionados à Universidade.




domingo, 15 de junho de 2008

A Superioridade Moral do Mercado

(por Tom Palmer *)

Quando são encurralados no campo da economia, os inimigos do capitalismo costumam deslocar seus argumentos para a ética, como se economia e ética fossem não apenas separáveis, mas inimigas. Alegam que, no sistema de livre mercado, as pessoas se preocupam apenas com a vantagem que podem tirar umas das outras. Não há moralidade nas trocas comerciais, nem compromisso algum com aquilo que nos faz humanos, isto é, nossa capacidade de considerar não apenas aquilo que é vantajoso para nós, mas o que é certo e o que é errado, o que é moral e o que é imoral... É difícil imaginar uma afirmação mais falsa.

Para que exista comércio, é preciso haver respeito pela justiça. Há uma diferença entre as pessoas que efetuam trocas e as pessoas que simplesmente tomam dos outros para si. Quem troca demonstra respeito pelos títulos de direito dos outros. As pessoas apenas oferecem algo em troca do bem desejado quando são constrangidas por um senso moral a não tomar à força. Uma troca é uma mudança de uma alocação de recursos para outra, o que significa que qualquer troca comercial pressupõe uma base comum: se ela não for efetivada, as partes mantêm o que possuíam. As relações de comércio fundamentam-se numa estrutura de justiça. Sem esses fundamentos morais e jurídicos não pode haver comércio.

O mercado não se baseia somente no respeito pela justiça. Também baseia-se na capacidade que os homens têm de se colocar no lugar do outro, de levar em consideração não apenas o próprio desejo, mas o desejo alheio. O dono de um restaurante que não se importa com a vontade dos seus clientes não permanecerá aberto por muito tempo. Se os clientes passam mal, ou se a comida não lhes agrada, eles não voltam e o dono vai à falência. O mercado dá os incentivos para que os participantes se coloquem na posição do outro, para que considerem quais são os desejos alheios e para que tentem ver as coisas como as outras pessoas vêem as coisas.

O mercado funciona como uma alternativa à violência. O mercado nos torna sociáveis. O mercado nos lembra que as outras pessoas importam.

O anticapitalista pode argumentar que esse é um altruísmo corrompido, que o mercado só retribui quem é ganancioso e interesseiro. Que, no mercado, apenas interessa achar o menor preço ou conseguir o maior lucro. As pessoas passam a ser motivadas pela avareza e pelo egoísmo, e não por uma preocupação sincera com os outros.

Na verdade, o mercado não promove nem inibe o egoísmo ou a ganância. Ele possibilita que tanto o mais altruísta quanto o mais egoísta lutem por seus objetivos em paz. Aqueles que dedicam suas vidas a ajudar o próximo usam o mercado para alcançar seu objetivo tanto quanto aquele cujo objetivo é a acumulação de riqueza material. Alguns até acumulam riqueza para aumentar sua capacidade de ajudar os demais. George Soros e Bill Gates são exemplos de pessoas que ganham enormes quantidades de dinheiro, ao menos parcialmente, para aumentar sua capacidade de ajudar os outros através de muitas ações de caridade.

Uma Madre Teresa precisa usar os recursos materiais disponíveis para alimentar, vestir e confortar o maior número de pessoas. O mercado permite que ela encontre o menor preço para comprar cobertores, comida e remédios, a fim de cuidar dos desamparados. O mercado permite que riqueza seja criada para o auxílio dos desafortunados e que os serviços de caridade consigam maximizar sua capacidade de ajudar os demais. O mercado torna possível a caridade dos caridosos.

Um erro comum é confundir propósitos pessoais com interesse próprio, que é, por sua vez, confundido com egoísmo. Ainda que tenhamos propósitos pessoais, nós também nos preocupamos com os interesses e bem-estar das outras pessoas: nossos familiares, amigos, vizinhos, e até mesmo desconhecidos. E, como observado acima, o mercado tende a condicionar as pessoas a considerarem as necessidades dos outros, incluindo daqueles que jamais encontraremos.

A mais elementar fundação da sociedade humana não é o amor, nem mesmo a amizade. Amor e amizade são os frutos de benefício mútuo através da cooperação, seja em grupos grandes ou pequenos. Se esse auxílio mútuo não fosse possível, o que é bom para Pedro seria ruim para Paulo, e vice-versa. Pedro e Paulo jamais poderiam cooperar um com o outro. Não poderiam ser colegas nem amigos. É o mercado que permite haver cooperação mesmo entre aqueles que não se conhecem pessoalmente, que não compartilham da mesma religião ou língua, e que talvez nunca se darão conta da existência do outro. São os ganhos potenciais advindos do comércio estruturado sobre direitos de propriedade bem definidos e juridicamente seguros que possibilitam haver caridade entre estranhos e amor e amizade através das fronteiras. Essa é a superioridade moral do mercado.



* Tom Palmer é Vice-Presidente de Programas Internacionais do Cato Institute e Diretor do Centro de Promoção dos Direitos Humanos .